"Porque, se perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;"
(Mateus 6.14)
“Perdão”. Palavrinha difícil
esta... É incrível como muitas pessoas, não poucas, tem uma dificuldade
gigantesca em lidar com este assunto. Não raro, vejo muita gente sendo devorada
e corroída por dentro através das feridas inflamadas e purulentas que estão
guardadas nas lembranças. Às vezes estas memórias estão escondias atrás de grandes
muralhas de rejeição, impaciência, depressão, melancolia, autocomiseração,
irritabilidade e algumas vezes transmitem uma falsa sensação de força, mas
sempre acabam se revelando na brutalidade com que a dor retorna de vez em
quando e a gente tenta esquecê-la sem sucesso.
Cresci ouvindo a sabedoria
popular e ela dizia: “quem bate esquece, mas quem apanha não.” Esta é uma
verdade que acompanha invariavelmente qualquer ser que tenha consciência de si
memo.
A ofensa, o tapa, a humilhação, a
traição, o roubo, o abuso, o abandono, a injustiça... Seja qual for o nome que
você dê à sua ferida de estimação, por mais que se coloque sobre ela o peso do
tempo ou da dureza de levar a vida amargamente, dificilmente ela vai
cicatrizar, no máximo vai criar uma leve casca, mas ao menor toque vem à tona a
dor novamente carregando consigo todo o potencial doloroso da lembrança de
quando a ferida foi aberta.
Alguns vão vivendo como podem, ou
melhor, vão morrendo aos poucos como podem. São leprosos de alma, vão levando a
vida tomando sobre si armaduras e carapaças como pesadas vestiduras, erguendo
seus castelos e fortalezas contra o menor sinal de um novo dano ou machucado.
Nem dá para saber se é autodefesa ou autopunição. Muitos vão chorando pelos
cantos, sozinhos na escuridão da noite, enxugando suas lágrimas internas e
externas como dá, tentando não deixar ninguém perceber a sequidão que é viver
assim. É preciso manter as aparências, dizem eles. Outros provocam o mundo com
as mesmas dores com que foram afligidos, é quando o traído, por exemplo, tem
uma neurótica e compulsiva vontade de trair também para mostrar,
inconscientemente ou não, ao mundo que isto dói e muito. Ou quando o humilhado
ameniza sua dor humilhando e pisando em qualquer outra criatura que venha ao
seu encontro.
A mágoa e o rancor sempre
procuram um culpado, disso não se escapa. O problema é que, às vezes, na falta
de se encontrar um “bode expiatório”, muitos culpam a si próprios. Com ou sem
razão muitos outros, pela falta de coragem para assumir seus erros, vão
espalhando suas culpas obsessivas por seus familiares, amigos e inimigos
próximos. Nem o próprio Deus, o Criador, escapa do alvo daqueles que querem
achar, de qualquer jeito, um culpado para sua tristeza e dor. Estes vão
sorteando nomes e culpados para suas feridas como quem distribui as cartas de
um baralho numa mesa de Poker.
Faz tempo que muitos desistiram
de viver, alguns literalmente, carcomidos por suas dores internas. Já dizia o
sábio Shakespeare: “Guardar uma mágoa é como tomar um copo de veneno e torcer
para que o seu agressor morra.” Parece irracional, mas o que o famoso escritor
inglês descreveu nesta frase é a lógica inversa da cura para toda essa dor que
tanta gente carrega e alimenta durante anos a fio. É provado cientificamente
que o rancor arquivado pode ser somatizado pelo corpo através de doenças como
câncer, gastrite, enxaqueca, cólicas agudas, doenças da pele, distúrbios
hormonais, depressão e outras neuropatias sérias.
Etimologicamente perdão é o ato
de não imputar a um transgressor a necessidade de pagar pelo erro cometido, ou
seja, perdoar é o mesmo que liberar um condenado ou um réu de cumprir uma
sentença, é como dizer a um presidiário amarrado na cadeira elétrica: “amigo,
levanta daí, não vamos mais ligar a corrente elétrica em você. Você será
liberado agora!” Aí está o grande problema encontrado na palavrinha “perdão”:
quem perdoa perde muito. O perdão fere nosso senso comum de justiça,
principalmente quando os ofendidos somos nós. Quem perdoa, na verdade, assume
para si próprio o valor e a dor da punição. Perdoar é como ser ofendido duas
vezes, a primeira pelo desafeto recebido, a segunda por abrir mão do justo
direito de revidar ou se vingar.
Mas, acredite em mim! Por
experiência própria e por ver muitos outros amigos vencendo seus dramas
interiores e encontrando de novo o caminho da cura integral. Posso afirmar com
a autoridade de quem já experimentou e tem aprendido a experimentar a dádiva de
perdoar: existe muito mais benefício em não “cobrar a ofensa” do que
alimentá-la dentro de você. Tenho consciência de que não é uma atitude fácil de
se tomar, é verdade. Algumas vezes a sensação de náusea, confusão mental e de
dor é muito mais forte do que qualquer argumento lógico e racional a favor de
liberar ou não o seu perdão.
Não digo isso porque me considero
bonzinho, realmente não sou! Tenho meus defeitos como qualquer outra pessoa. O
que tenho aprendido até aqui é que, na maioria das vezes, esta capacidade para
tomar tal atitude simplesmente não vem de nós. A única força capaz de superar a
mágoa e remover toda raiz de amargura é o amor. Ele, o amor, vence todas as
coisas, vence até a morte. Não é por acaso que João, o apóstolo, escreve em sua
epístola afirmando categoricamente que Deus é amor. Sim, a essência de Deus é o
amor.
A única fonte verdadeiramente
confiável de amor é Deus, muitos são os textos revelados por toda a Bíblia que
expressam este envolvente e imensurável amor de Deus pela sua criação e de
forma especial pelo ser humano. Este amor sobrenatural nos ensina a viver e
caminhar em direção à cura de nossas feridas emocionais e existenciais.
De forma contundente, o apóstolo
Paulo afirma em sua carta aos Romanos, capítulo cinco, verso oito, dizendo:
"Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores." Não houve merecimento nosso,
não foi o esforço humano que provocou uma reação de perdão de Deus para nós.
Foi simplesmente por amor e espontaneamente. A teologia moderna chama isto de
solidariedade de Deus em relação ao ser humano, mas a Palavra Revelada chama a
isto de Graça. Sem preço, sem barganha, Ele, Deus, fez isto antes que qualquer
um de nós pedíssemos ou merecêssemos.
A boa notícia é que em Jesus,
Deus ofereceu perdão gratuito a toda humanidade, isto inclui a você e eu. É
este mesmo amor que nos convida, igualmente, a perdoar quem nos tem ofendido. O
perdão que liberamos hoje retorna como bálsamo, alívio e cura para nossas
dores.
Em Jesus, o perdão não é
condicional, é mandamento incondicional pois somos perdoados com a mesma medida
em que perdoamos. Quando perdoamos nos enchemos mais um pouco de Deus, é como
se Deus reconhecesse em nós algo em comum e viesse nos dar um “olá!”.
Então... Quer ser curado? Perdoe!
Quer ser liberto? Perdoe! Quer ser realmente feliz? Perdoe!
Talvez você até encontre alguma
dificuldade para dar este primeiro passo, mas tenha certeza que o Doce e Santo
Espírito de Deus é quem nos auxilia em nossas fraquezas. Ninguém melhor que o
Criador para sondar sua mente e espírito nesta hora e saber exatamente do que
você precisa. Ele já lhe deu neste dia um coração batendo, isto já é o
suficiente para você, como eu, reconhecer que sem Ele nada somos. Acredite!
Mesmo no conturbado e obscuro mundo em que vivemos, mesmo diante da morte, da
dor, de poderes sobrenaturais da maldade, com a perturbação do passado, do
amedrontado presente ou da incerteza do futuro, nada é capaz de nos separar
deste gigantesco amor de Deus por nós. Precisamos dele, esta é a mais pura
realidade. A única coisa a fazer então é dizer: Deus, me ajude! O resto já é
com ele.
O Deus que ensina a perdoar te abençoe
rica, poderosa e sobrenaturalmente!
Fonte: ovelhamagra
Um comentário:
Senhor JESUS, obrigado por tua tão grande salvação. Pela consolação que sobre mim derrama neste momento de dor. Ajuda-me porque estou fraco...quase não suporto o peso disto que me dói e ainda busco em Ti forças para perdoar, sê comigo e com todos que passam por este fardo neste momento. 'Quem me livrará do corpo desta morte?'. Ahh!! Senhor meu Deus e Deus meu... somente Ti Senhor, somente Ti...
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