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Sobre a origem da adoração de Imagens junto aos Cristãos.

Quando o Cristianismo foi a princípio pregado no mundo, ele foi apoiado por tal assistência milagrosa do Poder Divino, que havia necessidade de pouca ou nenhuma ajuda para sua propagação. Não apenas os apóstolos, que o pregaram primeiro, mas mesmo os crentes leigos foram suficientemente instruídos em todos os artigos da fé, e foram inspirados com o poder dos milagres operados, e o dom de falar em línguas, desconhecido deles anteriormente.

Mas, quando o Evangelho espalhou-se e criou raízes pelo mundo; quando os reis e príncipes tornaram-se cristãos, e quando os templos foram construídos e adornados de maneira magnífica para a adoração cristã, então, o zelo de alguns bem-dispostos cristãos trouxe pinturas para dentro das Igrejas, não apenas como ornamentos, mas como instrutores do ignorante; e que foram chamados de libri laicorum – “os livros do povo”.

Desta forma, os muros das Igrejas foram cercados com pinturas, representando todas as transações especiais mencionadas. E aqueles que não entendiam uma letra do livro, sabiam como dar um relato muito bom do Evangelho, sendo ensinados a entenderem as passagens específicas dele, através das pinturas da igreja.

Assim como os hieróglifos foram os primeiros meios de se propagar o conhecimento, antes que a escrita com letras e palavras fosse inventada, o povo mais ignorante foi ensinado, resumidamente, através das pinturas, o que, devido à escassez de professores, fez com que ele não tivesse a oportunidade de ser completamente instruído nele, de outra forma.

Mas estas coisas, que eram a princípio pretendidas para o bem, transformaram-se, através das artimanhas do diabo, em uma armadilha para as almas dos cristãos. Porque quando os príncipes cristãos e o rico e poderoso competiam uns com os outros, quem enfeitava os templos com as maiores magnificências, as pinturas junto aos muros tornavam-se pomposas junto aos altares; e o povo, enganado pela aparência exterior dos sacerdotes, saudando e se ajoelhando, (diante daquelas imagens), imaginaram que aqueles gestos eram pretendidos para fazerem honra às imagens, diante das quais eram executados; (o que certamente não eram); e, assim, da admiração, o povo veio a adorá-las.

De tal forma, que aquilo que primeiro foi designado como monumentos de edificação tornou-se instrumentos de superstição. E o que foi um equívoco fatal no clero, a princípio negligenciado ou despercebido propositadamente, aos poucos (como todos os erros que rastejam na Igreja), reuniu forças; de maneira que, da idiotice do comum ignorante, o veneno infectou aqueles de uma classe melhor, que, devido à sua influência e apoio, trouxeram alguns sacerdotes para a mesma opinião; ou, antes, aqueles sacerdotes tiveram a oportunidade de enganarem o rico e poderoso, especialmente do sexo feminino, para as finalidades não muito reputáveis ou concordantes com a integridade da profissão deles.

Mas, o que os sacerdotes a princípio ignoraram propositadamente, eles, mais tarde, acabaram apoiando; e o que eles uma vez apoiaram, eles se viram obrigados, pela honra, a defenderem; até que, por fim, a superstição veio a ser pregada nos púlpitos e a grosseira idolatria introduziu-se junto ao povo como verdadeira devoção.

É verdade, que existiram muitos das ordens sagradas, cujos corações honestos e mentes claras, foram muito contrários a esta inovação; os que pregavam e escreviam contra a adoração de imagens, mostrando a pecaminosidade e a tolice disto. Mas a doença espalhou-se tanto, e o veneno criou tal raiz, que a conseqüência da oposição foi o dividir a Igreja em facções e cismas, o que, por fim, culminou no sangrar e assassinar.

N.B. Não é espantoso que o que foi tão simples no início, pudesse degenerar-se em tal idolatria, como dificilmente é encontrada no mundo pagão?

Enquanto este e diversos outros erros, igualmente contrários a Escritura e razão, são encontrados na Igreja, juntamente com as vidas abomináveis de multidões que chamam a si mesmas de cristãs, o próprio nome do Cristianismo cheira mal nas narinas dos maometanos, judeus e infiéis.

J. Wesley

Fonte: brasilmetodista

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